Um homem do Texas, nos Estados Unidos, que havia renunciado ao direito de apelar da pena de morte, foi executado na noite desta terça-feira (24) por ter matado o filho de 3 meses, há mais de 16 anos, informou a agência Associated Press (AP).
Esta foi uma das cinco execuções programadas em uma semana nos EUA — um recorde desde 2003. Travis Mullis, de 38 anos, recebeu uma injeção letal na penitenciária de Huntsville e foi declarado morto às 19h01 pelo horário local — 21h pelo horário de Brasília.
Ele foi condenado por pisotear até a morte o filho Alijah, em janeiro de 2008. As autoridades informaram que Mullis, então com 21 anos e morando no condado de Brazoria, dirigiu-se a Galveston — ambos no Texas — com o filho após uma briga com a namorada.
Mullis estacionou o carro e abusou sexualmente do filho. Depois que o bebê começou a chorar incontrolavelmente, Mullis começou a estrangulá-lo antes de tirá-lo do carro e pisotear sua cabeça, de acordo com as autoridades.
O corpo do bebê foi encontrado mais tarde à beira da estrada. Mullis fugiu do estado, mas foi preso após se entregar à polícia na Filadélfia.
A execução de Mullis aconteceu depois que um de seus advogados, Shawn Nolan, afirmou que não planejava apelações de última hora para salvar a vida do preso. Nolan também disse em um comunicado na tarde desta terça que o Texas estaria executando um “homem redimido” que sempre assumiu a responsabilidade por cometer “um crime horrível”.
Mullis recusou uma oferta, mais cedo nesta terça, para telefonar para o advogado de uma cela de espera fora da câmara da morte, disse a porta-voz do Departamento de Justiça Criminal do Texas, Hannah Haney. Os advogados também não apresentaram um pedido de clemência ao Conselho de Perdões e Liberdade Condicional do Texas.
Em uma carta enviada em fevereiro ao juiz federal George Hanks em Houston, Mullis escreveu que não tinha desejo de contestar seu caso mais. Ele já havia assumido a responsabilidade pela morte do filho e disse que “sua punição se encaixava no crime”.
Julgamento
No julgamento de Mullis, os promotores disseram que ele era um “monstro” que manipulava as pessoas, era enganoso e recusava a ajuda médica e psiquiátrica que lhe foi oferecida.
Desde a condenação em 2011, Mullis esteve em conflito com vários advogados sobre a possibilidade de apelar de seu caso. Às vezes, ele pedia que suas apelações fossem renunciadas, apenas para mudar de ideia depois.
Nolan já havia dito ao 5º Circuito da Corte de Apelações dos EUA durante uma audiência, em junho de 2023, que os tribunais estaduais do Texas haviam cometido um erro ao decidir que Mullis estava mentalmente competente quando renunciou ao direito de apelar cerca de uma década antes.
Nolan informou ao tribunal de apelações que Mullis recebeu tratamento por “doença mental profunda” desde os 3 anos, foi abusado sexualmente na infância e é “severamente bipolar”, levando-o a mudar de ideia sobre a apelação.
Natalie Thompson, que na época estava no Escritório do Procurador Geral do Texas, disse ao tribunal de apelações que Mullis compreendia o que estava fazendo e poderia ir contra o conselho de seus advogados “mesmo que estivesse sofrendo de doença mental”.
A Suprema Corte dos EUA proibiu a aplicação da pena de morte para pessoas com deficiência intelectual, mas não para pessoas com sérias doenças mentais.