A vida do ex-lutador Maguila foi marcada por grandes conquistas no boxe, mas nos últimos anos ele enfrentou uma batalha silenciosa contra a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), doença degenerativa semelhante ao Alzheimer, provocada por impactos repetitivos na cabeça.
A condição levou Maguila a momentos de agressividade, comportamento comum em pessoas com essa enfermidade. Sua esposa, Irani Pinheiro, que cuidou dele até os últimos dias, revelou um momento difícil e doloroso: Maguila a agrediu em um surto antes de sua morte, evidenciando o impacto devastador da doença.
Surto Agressivo: “Me Agrediu”
Durante uma entrevista após o falecimento do ex-lutador nesta quinta-feira (24/10), Irani Pinheiro contou detalhes sobre como foi lidar com a doença. Maguila, que sofreu com surtos psicóticos nos estágios avançados da ETC, teve episódios de agressividade incontrolável.
“Num surto psicótico, porque só quem sabe e [tem alguém] com Alzheimer, doença mental, [sabe] que eles surtam, agridem… o Maguila era agressivo”, revelou Irani, emocionada.
Mesmo diante de agressões físicas e momentos de confusão mental, Irani optou por não abandonar o marido. A decisão de permanecer ao lado dele, mesmo em situações tão difíceis, revela sua resiliência e fé.
“Ficaria mais fácil eu separar, mas estive do lado [dele na fase] mais difícil. Decidi cuidar”, explicou ela, destacando o amor e a dedicação que manteve até os últimos momentos do marido.
A Deterioração Física e Emocional
Além dos surtos psicóticos, Maguila enfrentava dificuldades físicas severas, tornando-se cada vez mais dependente de sua esposa e cuidadores. A doença comprometeu sua fala e mobilidade, deixando-o confinado ao cuidado constante.
Irani precisou encontrar forças na fé para seguir em frente, mesmo quando a rotina se tornava insuportável. “O cuidado não vem da gente, vem de Deus. Porque é Deus quem dá força pra gente caminhar e cuidar das pessoas”, declarou Irani.
A Tranquilidade de Irani no Velório Emociona a Todos
No velório de Maguila, a postura serena de Irani surpreendeu os presentes. Mesmo após anos de convivência marcada por momentos dolorosos, ela demonstrou gratidão e aceitação pela partida do marido, dizendo que o tempo vivido com ele foi uma bênção.
“A gente procurava entender a doença dele. Contar com Deus foi essencial para suportar tudo isso e ainda assim encontrar alegria nas pequenas coisas”, explicou.
Sua tranquilidade emocionou os familiares e amigos que compareceram à cerimônia. Irani compartilhou que, apesar dos desafios, os momentos de amor e convivência com Maguila valeram a pena. O ex-lutador deixa um legado no esporte e uma história de luta contra uma doença difícil e devastadora.
A experiência de Maguila e Irani serve como um alerta sobre os efeitos psicológicos e físicos de doenças degenerativas, como a ETC e o Alzheimer, e mostra a importância de apoio emocional e espiritual para quem vive situações semelhantes.