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Após declarar voto a favor de Bolsonaro, Fux acaba de ser de… Ler mais

Gilmar Mendes Critica Voto de Fux e Defende Unidade do STF Após Condenação de Bolsonaro

A decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado, segue provocando repercussões tanto dentro quanto fora da Corte. Desta vez, o decano do STF, ministro Gilmar Mendes, fez críticas públicas ao voto divergente de Luiz Fux, que havia se posicionado pela absolvição da maioria dos acusados, com exceção de Walter Braga Netto e Mauro Cid.

Crítica Direta e Rara: “Prenhe de Incoerências”

Durante evento do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), realizado em São Paulo nesta segunda-feira (15), Gilmar Mendes classificou o voto de Fux como “prenhe de incoerências”. Segundo o ministro, a lógica adotada pelo colega traz contradições sérias para um caso de tamanha gravidade.

“A meu ver, se não houve golpe, não deveria ter havido condenação. Condenar o Cid e o Braga Netto e deixar todos os demais de fora parece uma contradição nos próprios termos”, disse Gilmar, defendendo coerência jurídica e criticando o que considera uma interpretação fragmentada dos acontecimentos.

A fala ocorre num momento em que o Supremo busca reafirmar sua autoridade diante de ataques constantes de setores políticos e também de uma parte da opinião pública polarizada.

A Condenação que Abalou o Tabuleiro Político

Na semana passada, a Primeira Turma do STF formou maioria para condenar Jair Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão pelos crimes de tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito, organização criminosa e incitação a golpe. O julgamento também atingiu militares e ex-integrantes do governo, como Braga Netto e Mauro Cid, além de outros aliados do ex-presidente.

O voto de Fux, no entanto, destoou ao considerar que apenas dois réus — justamente os militares — deveriam ser responsabilizados. Para ele, os demais não teriam envolvimento direto comprovado na suposta conspiração golpista. A tese, embora sólida em termos técnicos, acabou derrotada por 4 votos a 1.

Presença Simbólica e Reforço à Coesão do STF

Mesmo não sendo membro da Primeira Turma, Gilmar Mendes compareceu à sessão decisiva do julgamento, na última quinta-feira (14). O gesto foi interpretado como um ato simbólico de apoio institucional, especialmente diante do voto isolado de Fux. Ao lado do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, Mendes buscou demonstrar que, apesar das divergências pontuais, a Corte permanece unida frente aos desafios democráticos.

“Estamos unidos e precisamos nos manter unidos diante desses desafios que se colocam”, declarou o ministro, reforçando que a estabilidade institucional deve prevalecer sobre discordâncias internas.

Unidade Sem Silenciar Divergências

Gilmar Mendes destacou ainda que a divergência de opiniões entre ministros é natural e até saudável para o debate jurídico. No entanto, fez questão de ressaltar que tais divergências precisam ser conduzidas com consistência argumentativa e responsabilidade, principalmente em julgamentos que envolvem figuras de alto escalão da política nacional e riscos à democracia.

Sua fala também parece ter um tom preventivo, diante das possíveis repercussões políticas e internacionais da condenação de Bolsonaro. O STF já tem sido alvo frequente de narrativas que questionam sua legitimidade, especialmente por parte de aliados do ex-presidente e setores mais radicalizados da direita.

O STF à Prova em Tempos de Crise

A crítica de Gilmar a Fux vem num momento em que o Supremo Tribunal Federal tenta se reafirmar como pilar da democracia e da Constituição. A condenação de Bolsonaro representa mais do que um desfecho judicial: ela simboliza um teste de resistência institucional. Ao mesmo tempo, Gilmar Mendes alerta para a importância de não minar, por dentro, a coesão que o tribunal precisa exibir ao país.

O julgamento também representa um marco no enfrentamento a práticas golpistas e ao uso político das Forças Armadas. Nesse contexto, as palavras do decano ecoam como uma tentativa de blindar o STF contra pressões externas e reforçar sua autoridade.

Repercussões Ainda Incertas, Mas Impacto Já É Visível

A condenação de Bolsonaro e de seus principais aliados ainda terá desdobramentos — tanto jurídicos quanto políticos — nos próximos meses. Recursos devem ser apresentados, estratégias de defesa vão evoluir e a polarização seguirá influenciando o debate público. No entanto, o que já se consolida é o papel decisivo do Supremo na condução desse processo.

A crítica pública de Gilmar Mendes, por mais que seja pontual, revela o quanto o STF está atento não só à letra da lei, mas ao contexto político e institucional em que atua. E mesmo em meio a divergências, há um esforço evidente de manter a Corte unida diante de uma crise que ainda está longe do fim.

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