Luis Erlanger, ex-diretor da Globo, não poupou críticas a Silvio Santos após o falecimento do apresentador, que faleceu em 2024. Erlanger fez uma postagem nas redes sociais repleta de acusações e análises sobre o legado do famoso comunicador.
Erlanger, que trabalhou por muitos anos na Globo, começou sua crítica destacando aspectos polêmicos da vida de Silvio Santos. Ele mencionou o apoio do apresentador à Ditadura Militar, que governou o Brasil de 1964 a 1985, e as brigas notórias com o diretor teatral Zé Celso. “Silvio foi uma das maiores figuras da TV brasileira, mas se você olhar bem, santo só no nome”, escreveu Erlanger.
Ele continuou seu desabafo dizendo que no Brasil, após o falecimento, vem uma espécie de “anistia automática” e muita bajulação. Embora reconheça a importância histórica de Silvio Santos, Erlanger disse que o apresentador não era o seu preferido no gênero de programas de auditório. “Eu sempre curti mais o Chacrinha”, ele comentou, referindo-se ao icônico apresentador dos anos 70.
Erlanger também criticou a prática de Silvio Santos com o Baú da Felicidade e a Tele Sena. “Ele ganhou o Baú da Felicidade de presente e transformou isso em uma grande picaretagem. E a Tele Sena? Era apenas um esquema disfarçado de título de capitalização, sem lastro nenhum”, disse Erlanger.
O ex-diretor também acusou Silvio de ter apoiado todos os presidentes desde o regime militar e de ter se chamado de “office boy de luxo do governo”. “Foi um apoiador dos presidentes e do golpe militar, assim como Roberto Marinho. Mas Silvio foi além, admitindo até que ganhou o canal de TV do general-ditador Figueiredo”, disse Erlanger.
Ele também mencionou que Silvio exibia campanhas com o slogan do regime militar durante os intervalos dos programas e criticou o fato de que no governo Bolsonaro, ele voltou com o programa A Semana do Presidente. “Ele até retirou um prêmio de uma candidata negra para agradar o auditório. Foi um desrespeito”, afirmou Erlanger.
Erlanger também falou sobre o escândalo financeiro envolvendo o banco Panamericano de Silvio Santos, que, segundo ele, fez operações fraudulentas de R$ 4,3 bilhões. “Apesar disso, ele não perdeu patrimônio nem a concessão pública do SBT”, declarou.
O ex-diretor acusou Silvio de ter roubado o projeto original do Big Brother Brasil e o transformado na Casa dos Artistas, e relembrou a situação com Zé Celso e o Teatro Oficina. “Silvio foi um dos ícones da TV brasileira, mas santo, só no sobrenome”, concluiu Erlanger.
A postagem gerou uma série de reações. A atriz Elisa Lucinda achou que a postura de Erlanger foi “sincera e corajosa”, enquanto o ator Augusto Madeira fez uma referência ao fato de que Eduardo Cunha impugnou a campanha de Silvio em 1989, o que, segundo ele, teve suas próprias consequências. Charles Daves criticou a postagem, dizendo que Silvio Santos é o maior comunicador da televisão brasileira, independentemente das críticas. Já Márcio Gomes questionou as acusações, lembrando que o imóvel em disputa com Zé Celso era privado.
Luis Erlanger, para quem não conhece, começou sua carreira como estagiário no jornal O Globo na década de 70. Ele rapidamente avançou na empresa, tornando-se editor-chefe e, em 1995, diretor editorial da Central Globo de Jornalismo. Em 2000, assumiu a direção da Central Globo de Comunicação e, mais tarde, a Central Globo de Análise de Conteúdo e Controle de Qualidade. Ele deixou a Globo em 2013 para criar sua própria produtora.