Ex-integrante do Raça Negra é encontrado desacordado na rua e morre em SP

O Brasil perdeu mais um dos seus talentos esquecidos. Edson Aparecido da Silva, mais conhecido como Edson Café, faleceu na última quarta-feira, dia 6 de junho, em São Paulo. Com 75 anos, ele foi encontrado desacordado numa calçada da zona leste da cidade e, infelizmente, acabou não resistindo depois de ser levado a um hospital da região. Uma notícia triste, que passa meio batida em meio ao caos dos noticiários, mas que merece um olhar mais humano, sabe?
A morte dele foi confirmada, mas as circunstâncias ainda tão meio nebulosas. A Secretaria da Segurança Pública foi procurada pra dar mais detalhes sobre o que aconteceu, mas até agora… nada de resposta. Enquanto isso, o que se sabe é que Edson tava em situação de vulnerabilidade há anos. Ele viveu mais de uma década nas ruas do Rio de Janeiro, lutando contra a dependência química, se virando como podia — inclusive guardando carros pra conseguir um troco e alguma dignidade.
Pode ser que muita gente nem lembre mais do nome dele, mas Edson Café foi integrante do icônico grupo Raça Negra. Sim, aquele mesmo que embalou os anos 90 com “Cheia de Manias” e outras tantas. Na época de ouro da banda, ele era violonista e fazia parte daquele som que marcou uma geração inteira. Mas, como acontece com muitos artistas por aqui, o brilho dos palcos acabou sendo substituído pela escuridão do abandono.

O que torna tudo ainda mais doloroso é que, depois de sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral), Edson perdeu os movimentos dos braços — e, pra um músico, isso é quase como perder a identidade. A partir daí, a situação só piorou. Ele teria se afundado nas drogas, e aí veio a queda. E ninguém estendeu a mão? Difícil saber. O que se vê é que ele terminou os dias esquecido e invisível, como tantos outros nas calçadas das grandes cidades.
Não é a primeira vez que vemos um talento da música brasileira acabar assim, no completo abandono. Semana passada mesmo, teve aquele caso do cantor que foi internado com pneumonia depois de ser encontrado dormindo em um terminal de ônibus em Belo Horizonte. Parece que existe uma fila invisível de artistas que deram tudo no passado e hoje mal conseguem sobreviver.
Mas voltando ao Edson, fica um sentimento de que faltou cuidado. Faltou memória. Num país onde o presente já é difícil de engolir, o passado vira poeira rapidinho. É cruel, mas é verdade.
Em tempos em que o Raça Negra continua fazendo shows e arrastando multidões pelo Brasil, seria justo pelo menos lembrar de quem ajudou a construir essa história. Mesmo que tenha sido com acordes tocados há décadas, a presença dele teve valor. Não é porque o fim foi triste que a trajetória deixa de ter importância. Muito pelo contrário.
Se a gente não olhar com mais empatia pra essas histórias, outras tantas vão seguir o mesmo caminho. E daqui a pouco, quando a gente menos esperar, outro nome vai aparecer num obituário qualquer, como mais um ex-músico que morreu só e sem ninguém pra contar sua história.
Tomara que um dia essa conta comece a fechar de um jeito menos cruel. Mas por enquanto, resta desejar que o Edson Café, enfim, tenha encontrado paz — algo que ele provavelmente não teve por muito tempo aqui em vida.