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O que sabe sobre caso de ex-jogador que espancou namorada com 61 socos

Caso de Igor Cabral e Juliana dos Santos choca o país, reacende debate sobre feminicídio e expõe a brutalidade da violência doméstica no Brasil

NATAL (RN) — Um caso de violência doméstica registrado no último sábado (26) em Natal, no Rio Grande do Norte, ganhou repercussão nacional após imagens de câmeras de segurança mostrarem o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, 29, agredindo brutalmente sua namorada, Juliana Garcia dos Santos, dentro do elevador de um condomínio residencial. A agressão durou cerca de dois minutos e incluiu 61 socos, segundo a perícia.

As imagens, divulgadas pela polícia, mostram Juliana tentando se defender, enquanto é espancada com violência por Igor, que só interrompe as agressões quando a porta do elevador se abre. Com o rosto desfigurado e ensanguentado, a vítima foi socorrida por vizinhos e levada imediatamente ao hospital. O ex-atleta foi preso no local e indiciado por tentativa de feminicídio.

O ataque e as consequências imediatas

Após ser agredida, Juliana conseguiu sair do elevador e pedir ajuda. Moradores do prédio acionaram o socorro, e ela foi levada ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, onde permanece internada. Seu estado de saúde é considerado grave, com lesões visíveis no rosto e na cabeça. A experiência, além das sequelas físicas, deixa marcas emocionais profundas.

Igor foi detido ainda no prédio e conduzido à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), onde prestou depoimento. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte, que já possui as imagens como principal prova da tentativa de feminicídio.

“Surto claustrofóbico”: a tentativa de justificar o injustificável

Em seu depoimento, Igor alegou ter sofrido um “surto claustrofóbico” dentro do elevador, motivado por uma discussão com Juliana. Ele afirmou que a namorada teria rasgado sua camisa e o xingado, provocando a reação violenta. A defesa do agressor tenta contextualizar o episódio como um momento de “instabilidade emocional”.

Entretanto, a justificativa foi amplamente rechaçada por especialistas e autoridades. Organizações de defesa dos direitos das mulheres alertam que nenhum transtorno ou provocação justifica a violência, e que essa narrativa reforça a cultura da impunidade para agressores.

A complexidade do histórico pessoal

Durante o interrogatório, Igor também mencionou que tem um filho com transtorno do espectro autista, como forma de contextualizar seu estado emocional. A informação, embora relevante para compreender sua vida pessoal, não reduz sua responsabilidade criminal, e tampouco pode ser usada como atenuante para a gravidade do crime.

O uso de fatores emocionais ou familiares como tentativa de amenizar um ato de violência física tem sido cada vez mais questionado por juristas, psicólogos e movimentos sociais, que defendem o foco na vítima e na responsabilização do agressor.

Quem é Igor Cabral?

Igor Cabral tem histórico no esporte de alto rendimento. Foi atleta da seleção brasileira de basquete 3×3, representando o país em competições internacionais, incluindo torneios da Liga Nacional de Basquete e campeonatos mundiais. Sua carreira esportiva inclui participações em eventos organizados por federações nacionais e até registros ligados ao ciclo olímpico.

Com a repercussão do caso, Igor desativou suas redes sociais, que eram ativamente utilizadas para promover sua imagem como esportista. O afastamento das redes ocorre no momento em que a opinião pública se volta contra ele e exige a devida responsabilização judicial.

Juliana: a vítima e o silêncio que precisa ser rompido

O estado de saúde de Juliana dos Santos continua sob monitoramento. Médicos informaram que ela sofreu traumas severos no rosto e crânio, e o quadro requer cuidados especializados. O caso reacendeu discussões sobre o silêncio que muitas vítimas de violência doméstica são forçadas a manter — seja por medo, dependência emocional ou pressão social.

Especialistas afirmam que, em muitos casos, a violência física é apenas o desfecho de um ciclo de abusos psicológicos e controle. Por isso, é fundamental que casos como o de Juliana sirvam como alerta para a prevenção e denúncia precoce de comportamentos abusivos.

Feminicídio: crime em ascensão no Brasil

O caso de Igor e Juliana não é isolado. O Brasil registra uma média de mais de um feminicídio por dia, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A violência contra a mulher continua sendo uma das maiores chagas sociais do país, com altos índices de subnotificação e impunidade.

Leis como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio no Código Penal são conquistas importantes, mas ainda insuficientes sem a aplicação rigorosa e o suporte contínuo às vítimas. O combate à violência de gênero exige ação coordenada entre Estado, sociedade civil e população.

Chamada à ação: romper o ciclo da violência

Casos como o de Juliana mostram a urgência de romper o ciclo da violência doméstica. É necessário oferecer suporte psicológico, jurídico e social às vítimas, além de campanhas permanentes de conscientização.

Se você ou alguém que você conhece está enfrentando uma situação de violência, procure ajuda. No Brasil, o Disque 180 funciona 24 horas por dia para acolher denúncias e orientar vítimas. A violência não pode ser naturalizada, e a omissão também mata.

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