VÍDEO: Cupertino fala por mais de 2 horas em seu julgamento e cita Bolsonaro e Lula

Paulo Cupertino quebra protocolo, afronta o juiz e faz discurso político em julgamento por triplo homicídio
O julgamento de Paulo Cupertino Matias, acusado de assassinar o ator Rafael Miguel e os pais do jovem em 2019, teve um momento de tensão extrema e comportamento fora do esperado. Na última quinta-feira (29), no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, o réu protagonizou uma cena que chocou até os mais experientes operadores do direito. Ele afirmou que não transformaria seu júri em um “circo”, se levantou abruptamente do banco dos réus durante o interrogatório e foi formalmente advertido pelo juiz por mau comportamento.
E isso foi só o começo.
Um interrogatório que virou palco de provocação
Com as câmeras do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) gravando tudo — com ciência e consentimento de Cupertino — o acusado ignorou protocolos e surpreendeu até suas próprias advogadas de defesa. Embora tenha sido orientado a permanecer em silêncio ou responder de forma objetiva, ele preferiu fazer o oposto: falou por mais de duas horas seguidas, muitas vezes sem coerência com as perguntas, divagando sobre política, liberdade de expressão e até comportamento de presidentes da República.
Citações a Lula e Bolsonaro em pleno julgamento
Em um trecho especialmente curioso e controverso do discurso, Cupertino citou Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para justificar seu comportamento. Segundo ele, assim como o ex e o atual presidente do Brasil, também tem o direito de “falar o que pensa e o que sente”. A comparação foi recebida com silêncio no plenário, mas circulou rapidamente entre os presentes e viralizou nas redes sociais após a divulgação do vídeo.
Esse tipo de declaração, vinda de um réu julgado por triplo homicídio, chamou atenção pela tentativa de se equiparar a figuras públicas que, embora polêmicas, não estão no banco dos réus por crimes desse porte. A fala soou como uma estratégia improvisada para desviar o foco da acusação ou, talvez, como um ato de desafio às instituições.
Juiz se impõe e adverte Cupertino
A quebra de protocolo e o tom desafiador levaram o juiz a intervir diversas vezes. Quando Cupertino se levantou de forma abrupta, foi imediatamente advertido. O juiz afirmou que aquilo não era um show e que as normas do tribunal seriam respeitadas. Mesmo assim, Cupertino seguiu em um ritmo alheio à orientação jurídica, comprometendo inclusive a estratégia de sua defesa.
Advogadas que o representam pareciam constrangidas com a situação. Em alguns momentos, tentaram interrompê-lo ou sinalizar para que retomasse o controle. Sem sucesso.
Um julgamento que escapa do roteiro esperado
O comportamento de Cupertino, ainda que não interfira diretamente nas provas do processo, tem grande impacto na percepção do júri popular. Demonstrar desrespeito à corte, afrontar o juiz e usar o espaço para discursos políticos pode ser interpretado como uma tentativa de manipular a narrativa, em vez de enfrentar com seriedade as acusações gravíssimas que pesam contra ele.
Para lembrar: Cupertino é acusado de matar, a sangue frio, o ator Rafael Miguel e seus pais, em 2019, supostamente por não aceitar o relacionamento do jovem com sua filha. Ele fugiu logo após o crime e ficou foragido por quase três anos, até ser capturado em 2022.
O julgamento continua, mas o que aconteceu na última audiência já entrou para a história recente do tribunal como um episódio tão inusitado quanto revoltante. As câmeras registraram tudo. E agora, além da gravidade dos crimes, Paulo Cupertino carrega também a marca de quem desafia a justiça de forma explícita, diante das câmeras, e perante toda a sociedade.