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Vídeo: plantando uvas no Alvorada, Lula volta a mandar recado a Donald Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) resolveu aparecer nas redes sociais de um jeito inusitado neste sábado (16) à noite. Em um vídeo gravado no gramado do Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe do Executivo, o petista surge ajoelhado, com as mãos cheias de terra, plantando uvas da variedade Vitória. A cena simples virou palco de um recado direto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, depois que o republicano impôs uma tarifa pesada, de 50%, sobre algumas exportações brasileiras – e entre elas, justamente a uva.

De maneira descontraída, mas também carregada de simbolismo, Lula afirmou que o Brasil não vai se curvar à decisão de Trump. Segundo ele, se os frutos não puderem ser exportados, eles terão outro destino: a merenda escolar das crianças brasileiras. “Não adianta o presidente Trump taxar nossa uva. Se precisar, ela vai é pra merenda escolar”, disse, enfatizando a ideia de que o governo pretende redirecionar produtos prejudicados pelas sanções para programas sociais internos.

O gesto de plantar, no entanto, não foi apenas uma provocação. Lula aproveitou o momento para enviar uma mensagem mais ampla sobre o que considera ser o “Brasil verdadeiro”. Segundo ele, o país não se guia por ódio ou violência, mas sim por hospitalidade e pelo desejo de manter boas relações internacionais. “Estou plantando comida, e não ódio. Espero que um dia o senhor venha conhecer o Brasil, presidente Trump, e veja a qualidade do nosso povo”, declarou, olhando para a câmera.

Esse embate, claro, não começou agora. Desde que Trump anunciou o tarifaço, no mês passado, os dois líderes têm trocado farpas públicas. Na quinta-feira (14), por exemplo, o americano não poupou palavras: classificou o Brasil como um “parceiro comercial terrível” e acusou o governo petista de estar promovendo uma “execução política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para Trump, Bolsonaro é um homem honesto, e os processos que enfrenta seriam uma perseguição.

A declaração reacendeu ainda mais as tensões, já que Bolsonaro se prepara para ser julgado pela acusação de ter incentivado uma tentativa de golpe após as eleições de 2022. O assunto voltou a ganhar força nos noticiários, principalmente após os últimos depoimentos coletados pela Justiça.

Além das tarifas, a gestão Trump ampliou as sanções contra membros do governo brasileiro. Na semana passada, os Estados Unidos cancelaram os vistos do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), de sua esposa e até da filha pequena, de apenas 10 anos. A medida também já havia atingido Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-integrante da pasta.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio – que comanda a diplomacia no governo Trump – justificou as punições citando o programa Mais Médicos. Criado ainda no governo Dilma Rousseff, quando Padilha era ministro da Saúde, o programa levou milhares de médicos, muitos deles estrangeiros, para trabalhar em regiões carentes e periferias brasileiras. O governo americano, porém, enxerga no projeto uma aproximação excessiva do Brasil com Cuba e outros países de orientação socialista, o que explicaria parte da ofensiva diplomática.

No meio desse cenário turbulento, o vídeo de Lula ganhou repercussão nas redes. Entre críticas e elogios, não faltaram memes sobre o presidente com a enxada, brincadeiras comparando o plantio de uva com a safra política de 2024 e até comentários irônicos sobre transformar o Palácio do Alvorada numa horta comunitária.

O episódio mostra, mais uma vez, como a política internacional e a disputa de narrativas acabam se misturando com gestos simbólicos. Plantar uva pode parecer banal, mas diante de um conflito comercial e diplomático como esse, o ato se transforma em uma mensagem calculada: de resistência, mas também de proximidade com o povo.

Resta saber se Trump vai engolir essa uva azeda ou se a tensão entre os dois países ainda vai render outros capítulos.

Confira:

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