Bolsonaro ‘escapa’ de indiciamento da Abin paralela; saiba o motivo

Mesmo fora do indiciamento, ex-presidente segue no radar da Polícia Federal
A exclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da lista de investigados no caso da “Abin paralela” não significa que ele esteja livre das investigações. Segundo informações apuradas pela jornalista Daniela Lima, do G1, a Polícia Federal aponta Bolsonaro como o principal articulador do esquema clandestino, mesmo sem incluí-lo formalmente entre os 36 nomes já indiciados.
O motivo dessa ausência é técnico e estratégico: Bolsonaro já é réu em outro processo de grande peso — o inquérito da tentativa de golpe de Estado. Por isso, seu indiciamento na investigação da Abin foi adiado e está condicionado a decisões futuras da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do STF.
Em resumo, Bolsonaro não está fora do jogo. Está em compasso de espera.
Abin paralela: um sistema secreto e ilegal sob investigação
O escândalo da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que ganhou o apelido de “paralela”, envolve a suspeita de que durante o governo Bolsonaro foi criada uma estrutura de espionagem ilegal. Essa rede teria sido montada para monitorar adversários políticos, autoridades do Judiciário e até potenciais aliados.
De acordo com o relatório da Polícia Federal, a estrutura operava à margem da legalidade, utilizando recursos públicos e sistemas de vigilância sigilosa, sem qualquer autorização judicial. Isso levanta sérias preocupações sobre abuso de poder, violação de direitos e uso político da máquina estatal.
A gravidade das acusações mobilizou o STF e colocou o nome de Bolsonaro mais uma vez no epicentro de uma crise institucional.
Carlos Bolsonaro é indiciado e reage nas redes sociais
Um dos nomes já formalmemente indiciados pela Polícia Federal no caso da Abin é o de Carlos Bolsonaro (PL), vereador do Rio de Janeiro e filho do ex-presidente. Carlos, que historicamente gerencia as estratégias digitais do bolsonarismo, reagiu rapidamente.
Em suas redes sociais, publicou:
“Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência.”
A fala reforça a narrativa de perseguição política, usada pela base bolsonarista desde o fim do mandato presidencial. Para os apoiadores, qualquer avanço judicial contra Bolsonaro ou seus aliados é interpretado como parte de um “complô da esquerda”.
Por outro lado, juristas e especialistas alertam que o volume de provas e testemunhos reunidos pela PF neste caso tem peso jurídico e pode embasar novas denúncias com impacto direto no cenário político.
Eleições 2026 e o uso do discurso de perseguição
Mesmo faltando mais de um ano para o início oficial da corrida eleitoral, as movimentações nos bastidores já começaram. E Bolsonaro tenta, a todo custo, manter sua base mobilizada, mesmo enfrentando uma série de processos e restrições legais.
O uso contínuo do discurso de perseguição tem sido eficaz para alimentar a militância mais fiel. Mas ao mesmo tempo, a imagem pública do ex-presidente se desgasta com cada novo episódio de investigação ou escândalo revelado.
A Polícia Federal reforçou que há fortes indícios de que Bolsonaro estava ciente e deu aval à criação do núcleo paralelo dentro da Abin. Ainda que não haja, por ora, um indiciamento formal, o cerco jurídico continua se fechando em torno dele.
Conclusão: o silêncio estratégico de Bolsonaro pode não durar
Neste momento, Bolsonaro evita manifestações públicas diretas sobre o caso da Abin paralela. O silêncio pode ser estratégico, enquanto seus advogados analisam as movimentações da PGR e do STF. Mas os desdobramentos dessa investigação estão longe do fim.
O avanço das fases do inquérito e os indiciamentos de aliados próximos sugerem que novas denúncias podem surgir a qualquer momento. Para o ex-presidente, manter-se fora da lista de indiciados não significa segurança — apenas um fôlego temporário.
O Brasil assiste mais um capítulo de sua história política ser escrito. E tudo indica que os próximos episódios serão ainda mais intensos.