Prefeitura cancela show de Zezé Di Camargo na Festa de Reis e decisão expõe impacto de polêmicas políticas
Cancelamento surpreende e gera repercussão
A Prefeitura de São José do Egito, município do sertão de Pernambuco conhecido por sua forte tradição cultural, decidiu cancelar a apresentação de Zezé Di Camargo na Festa de Reis de 2026, marcada para o dia 4 de janeiro. O anúncio foi feito no início da semana pelo prefeito Fredson Brito (Republicanos) e rapidamente ganhou repercussão nacional, especialmente por ocorrer em meio a uma sequência de controvérsias envolvendo o cantor.
Segundo o chefe do Executivo municipal, a decisão teve como principal objetivo preservar a cidade de desgastes políticos e ideológicos que, na avaliação da gestão, não dialogam com o espírito do evento nem com a história local.
Contexto político pesou na decisão
Embora a prefeitura tenha evitado personalizar o cancelamento, o contexto recente em torno do nome de Zezé Di Camargo foi determinante. O cantor passou a ocupar o centro do noticiário após críticas públicas ao SBT, motivadas pela presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro do STF Alexandre de Moraes no evento de lançamento do SBT News, ocorrido na sexta-feira (12).
As declarações do artista, feitas nas redes sociais durante a madrugada, tiveram forte repercussão negativa e foram interpretadas como ofensivas e politizadas. A partir daí, o nome de Zezé passou a ser associado a uma disputa que extrapolou o campo artístico e alcançou o debate institucional.
Prefeitura fala em proteger a cidade
Em nota oficial, o prefeito Fredson Brito foi enfático ao afirmar que não permitiria que São José do Egito fosse colocada “no centro de polêmicas decorrentes de questões individuais”. Segundo ele, o município não pode servir de palco para embates políticos alheios à realidade local.
“Aqui não é espaço para plantar discórdias nem para alimentar falsas especulações. São José do Egito merece respeito”, declarou o prefeito, reforçando que a decisão buscou proteger a imagem da cidade e garantir que a Festa de Reis permaneça um evento voltado à celebração cultural e familiar.
Defesa da tradição e da identidade sertaneja
O comunicado da prefeitura também destacou o orgulho do povo sertanejo, ressaltando a importância histórica e cultural do município. A gestão fez questão de frisar que a decisão não foi um ataque à música ou à trajetória do cantor, mas uma medida preventiva para evitar ruídos em um dos eventos mais tradicionais da cidade.
A Festa de Reis, segundo a administração, deve ser um momento de união, lazer e valorização da cultura local — e não um espaço para debates ideológicos que possam dividir a população ou afastar visitantes.
Bastidores revelam fator financeiro
Nos bastidores, porém, o cancelamento também levantou discussões sobre o contrato firmado com o artista, avaliado em cerca de R$ 500 mil. Parte desse valor viria de recursos federais, o que ampliou o escrutínio sobre a contratação em meio ao clima político acirrado.
Em um cenário de fiscalização rigorosa sobre gastos públicos, a associação entre verba da União e um artista envolvido em críticas políticas acabou aumentando a pressão sobre a gestão municipal, que optou por evitar riscos administrativos e de imagem.
Substituição rápida no palco
Para minimizar impactos na programação da Festa de Reis, a prefeitura anunciou rapidamente a contratação da banda Seu Desejo, nome bastante popular no Nordeste e presença frequente em festas de interior. A escolha foi vista como estratégica, garantindo apelo popular e afastando o evento de qualquer controvérsia política.
A confirmação do novo show ajudou a acalmar parte da população e do comércio local, que teme prejuízos sempre que mudanças ocorrem em eventos de grande porte.
Polêmica segue no entretenimento nacional
Enquanto o show era cancelado em Pernambuco, Zezé Di Camargo continuava no centro das atenções. Na madrugada da segunda-feira (15), o cantor voltou a criticar o SBT, afirmando que a emissora estaria “prostituindo” sua linha editorial ao se aproximar de figuras políticas como Lula e Alexandre de Moraes.
A resposta do SBT foi imediata: a emissora decidiu cancelar o especial de Natal “É Amor”, que estava previsto para ir ao ar na quarta-feira (17). A atitude foi interpretada como um movimento claro de afastamento da polêmica.
Quando redes sociais viram decisões administrativas
O episódio envolvendo Zezé Di Camargo ilustra como, atualmente, comentários feitos nas redes sociais podem gerar consequências concretas, indo muito além do debate virtual. Contratos são revistos, eventos são cancelados e decisões administrativas passam a ser tomadas para conter danos de imagem.
Em cidades menores como São José do Egito, esse impacto tende a ser ainda maior, já que festas tradicionais movimentam a economia local e carregam forte valor simbólico.
Festa confirmada, mas clima de incerteza permanece
A Festa de Reis de 2026 acontecerá, mas sem Zezé Di Camargo no palco. Resta saber se, até janeiro, a poeira dessa controvérsia vai baixar ou se novos capítulos ainda surgirão.
No Brasil atual, onde política, entretenimento e redes sociais caminham lado a lado, uma coisa parece certa: a polêmica nunca dorme.
