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Corpo da Brasileira é finalmente retirado de VULCÃO, a coitada estava toda d… Ver mais

Corpo de Brasileira é Retirado de Vulcão Após Missão de Alto Risco no Monte Rinjani

Durante mais de sete horas, o silêncio cortante das encostas do Monte Rinjani, na Indonésia, foi rompido apenas pelos sons das cordas tensionadas, dos passos cautelosos sobre pedras soltas e das vozes baixas dos socorristas se comunicando via rádio. Era o início do fim de uma história marcada por esperança, dor e reverência: o resgate do corpo de Juliana Marins, brasileira de 26 anos, finalmente teve sucesso.

A operação, realizada na manhã desta quarta-feira (25), mobilizou dezenas de profissionais e voluntários. O local da queda, uma das regiões mais perigosas e sagradas da ilha de Lombok, apresentou riscos altíssimos: clima instável, desníveis extremos e visibilidade quase nula.

Uma Operação Tensa e Precisa

A missão começou por volta das 12h20 no horário local (1h40 da madrugada no Brasil). A equipe da Basarnas — Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia — utilizou cordas de grande extensão, sistemas de içamento profissional e equipamentos de escalada em um terreno que exigia foco absoluto.

Após mais de sete horas de trabalho meticuloso, o corpo de Juliana foi retirado da encosta e transportado com segurança até uma base da corporação. De lá, seguiu para o hospital, onde aguarda os trâmites legais para repatriação ao Brasil.

A confirmação do êxito foi dada pelo próprio Marechal do Ar Muhammad Syafi’i, chefe da operação, em entrevista à televisão local. Ele agradeceu o empenho da equipe e ressaltou a complexidade do desafio: “Foi uma das operações mais delicadas dos últimos anos.”

Juliana: Da Busca por Liberdade à Luta Pela Sobrevivência

Juliana Marins, publicitária e moradora de Niterói (RJ), estava em um mochilão pela Ásia desde fevereiro. Sua passagem pela Indonésia fazia parte de uma jornada pessoal por liberdade, conexão com a natureza e autoconhecimento. Em suas redes sociais, Juliana compartilhava paisagens deslumbrantes, textos inspiradores e reflexões sobre a vida.

Mas sua última aventura, uma trilha solitária até o topo do Monte Rinjani, selou seu destino. Com 3.726 metros de altitude, o vulcão é o segundo mais alto do país e também um dos mais traiçoeiros. Subestimado por muitos turistas, exige preparo técnico, resistência física e um guia experiente.

Juliana, segundo relatos da família, caiu em uma encosta de aproximadamente 300 metros após um momento de cansaço e foi deixada para trás. Ainda com sinais de vida, resistiu por cerca de quatro dias, segundo imagens térmicas captadas por drone. Mas o socorro demorou.

O Monte Rinjani: Beleza Mortal

O Monte Rinjani é considerado sagrado por muitos habitantes locais, e ao mesmo tempo uma meca para viajantes aventureiros do mundo inteiro. Suas trilhas cortam paisagens surreais, lagos de cratera e florestas densas, mas também guardam armadilhas invisíveis: clima volátil, trilhas íngremes e riscos constantes de deslizamentos.

A escalada pode ser perigosa até para montanhistas experientes. A altitude provoca queda brusca de temperatura e a trilha frequentemente é coberta por névoa, dificultando a visibilidade e aumentando o risco de quedas — exatamente o que aconteceu com Juliana.

Especialistas vêm pedindo revisão nos protocolos de segurança para turistas, bem como a obrigatoriedade de guias certificados em todos os grupos. O caso da brasileira escancarou essa urgência para o mundo.

E Agora: Justiça, Luto e Um Nome a Ser Lembrado

Após o sucesso da operação, agora cabe às autoridades brasileiras e à família de Juliana decidir os próximos passos, incluindo a repatriação do corpo e investigações sobre possíveis negligências por parte da agência de turismo responsável.

Juliana não foi apenas uma turista. Foi uma jovem que buscava sentido, que vivia com intensidade e que acreditava na beleza do mundo. Sua morte, precoce e dolorosa, virou símbolo de um alerta urgente sobre o turismo de aventura em regiões de risco.

Além da dor, o caso revelou também gestos de compaixão: o alpinista Agam, que se voluntariou para chegar até Juliana, ficou com ela, velou seu corpo durante a noite e ajudou a trazê-la de volta. Um nome que se tornou símbolo de dignidade em meio ao caos.

Que Juliana Seja Ouvida

Juliana Marins não deveria ter morrido. Ela sobreviveu à queda, resistiu ao frio, lutou com tudo o que tinha. O que faltou foi estrutura, resposta rápida e responsabilidade. Que sua história sirva não apenas como luto, mas como bandeira de mudança.

O Monte Rinjani continuará ali. Belíssimo. Implacável. E o mundo seguirá, mas com a memória de Juliana — e a promessa de que sua voz, mesmo em silêncio, ainda ecoa.

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