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PGR Pede Condenação de Bolsonaro por Tentativa de Golpe: STF Deve Julgar Caso em Agosto

Na virada de domingo para segunda-feira (14), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o parecer final da Ação Penal nº 2.668 — um documento robusto, com 517 páginas, que pode marcar um divisor de águas na política brasileira. Nele, a Procuradoria pede a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus principais aliados por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.

Uma Acusação Explosiva: Organização Criminosa e Golpe de Estado

No parecer, Gonet é categórico: Bolsonaro deve ser responsabilizado por liderar uma organização criminosa armada, por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, por arquitetar um golpe de Estado, além de causar dano qualificado ao patrimônio público, com ameaças graves e destruição de bens tombados da União. Se o STF acolher esse entendimento, as consequências jurídicas e políticas podem ser avassaladoras.

O parecer afirma que o ex-presidente não apenas tolerou, mas liderou e incentivou ações para se manter no poder, mesmo após ser derrotado nas urnas. O plano teria contado com apoio estratégico de militares, ministros e assessores próximos — muitos dos quais também estão sendo julgados.

Julgamento se Aproxima: Defesa Tem Até 11 de Agosto

Com o documento entregue, o processo entra em sua fase final. A defesa dos acusados — incluindo Bolsonaro — terá até 15 dias para apresentar suas alegações finais. O primeiro a se manifestar será Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, hoje colaborador da Justiça e peça-chave na investigação.

Apesar do recesso de julho no Judiciário, os prazos estão correndo normalmente. A expectativa é de que toda a fase de alegações termine até 11 de agosto, deixando o caminho livre para o julgamento, previsto entre o fim de agosto e setembro.

O relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, já acompanha de perto o caso desde o início. Ele comandou os interrogatórios e determinou diligências importantes que embasaram o parecer da PGR.

Quem São os Acusados do “Núcleo 1”

Além de Bolsonaro, sete figuras centrais do antigo governo foram incluídas no chamado “núcleo 1” — o grupo considerado pela PGR como o principal responsável pela tentativa de golpe. Confira quem são:

  • Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin): acusado de atuar na disseminação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral.

  • Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha): teria oferecido apoio militar ao suposto plano golpista.

  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça): a PF encontrou em sua casa uma minuta de decreto que previa intervenção no processo eleitoral.

  • Augusto Heleno (ex-ministro do GSI): participou de lives questionando o sistema eleitoral e mantinha anotações com teor golpista.

  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens): delator, entregou mensagens e participou de reuniões estratégicas sobre o plano.

  • Jair Bolsonaro (ex-presidente): apontado como o líder do grupo e mente por trás da tentativa de ruptura institucional.

Negativas e Tentativas de Desvinculação

Durante os interrogatórios realizados pela Primeira Turma do STF, todos os acusados negaram envolvimento em qualquer tentativa de golpe. A maioria alegou desconhecimento dos fatos ou afirmou apenas ter cumprido ordens. Nenhum dos réus assumiu culpa, mas o volume de provas documentais e digitais levantadas ao longo do processo é considerado significativo pela acusação.

Um Capítulo Inédito na História Política

Com o julgamento se aproximando, cresce a tensão no cenário político. Uma eventual condenação de Bolsonaro e de seus aliados diretos representaria um fato sem precedentes na história democrática brasileira — e poderia redefinir os rumos das eleições de 2026.

Enquanto isso, os olhos do país se voltam ao STF. O que está em jogo vai muito além das responsabilidades individuais: é a estabilidade institucional e a força do Estado Democrático de Direito que estão sendo colocadas à prova.

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